domingo, 10 de outubro de 2010

REDES SOCIAIS

Jungher sugere que "o 'microblogging' facilita "a distribuição de informação a partir da comunidade local para o mundo de interesse", principalmente para os ativistas políticos. Por sua vez, o "Twitter serve como um poderoso canal de comunicação alternativo para monitorar e comentar ativamente eventos atuais, da mesma forma que permite organizar e coordenar pequenos grupos de ações coletivas e de protestos". Por outro lado, no campo político, esta rede social abre espaço para conhecer a situação e o estado dos ativistas. "Graças ao formato e ao uso atual (do Twitter), os ativistas políticos estão alcançando objetivos que, até pouco tempo, eram só possíveis por grandes organizações com recursos consideráveis", detalha Andreas Jungherr, analista em tecnologias digitais.Spence, no entanto, considera que as tecnologias podem trazer consigo riscos para as sociedades, onde a democracia não se assentou completamente e as instituições democráticas são frágeis, abrindo brechas para o autoritarismo e a repressão.
"No caso do Tibete, as supostas manifestações pacíficas de março de 2008 foram recebidas no exterior como 'distúrbios de rua', dada a habilidade da China de controlar a informação por meio de restrições de acesso à imprensa e das formas de bloqueio das comunicações telefônicas e da internet", exemplificou Nathan Freitas, professor do programa de telecomunicações interativas, da Universidade de Nova York, durante a Conferência de Segurança e Cooperação em Europa (CSCE). Por causa disso, milhares de tibetanos foram detidos, centenas condenados a longas sentenças; outros morreram ou foram condenados, já que sua identidade foi descoberta por meio dos circuitos fechados de câmeras, uso de celulares e a internet. O mesmo ocorreu com chineses e iranianos, que foram acusados após evidências apuradas por meio do uso de e-mails e outras formas de comunicação instantânea, como o Skype. Estas são provas de que em nações autocráticas os ativistas políticos, partidos, cidadãos e ONGs precisam enfrentar desafios não só técnicos, mas também legais e políticos, já que os Governos repressivos impõem leis que limitam sua atividade cívica e participativa.
Os ativistas e os cidadãos, como foi o caso dos protestos contra os resultados das eleições no Irã (2009), seguiram desafiando as barreiras impostas por seus Governos usando o Twitter e compartilhando os fatos de violência com o resto do mundo, apesar dos riscos que isso envolvia. Diante desse panorama, os analistas acreditam que o uso do Twitter tenha ganhado maior força no momento em que a comunidade internacional ajuda a criar um ambiente mais seguro para os ativistas pró-democráticos. Para Freitas, é necessária "a criação de uma 'Carta de Direitos de Tecnologia Global' que promova o uso das novas tecnologias para levar a liberdade de expressão e de imprensa, direitos humanos e democracia. Ao mesmo tempo, o Twitter deve ser combinado com outras estratégias efetivas para que possa "ajudar às organizações a conquistar avanços significativos em direção à democracia em países com Governos autoritários", defende Spence. Jungherr lembra que a ferramenta, por si só, não é capaz de lutar contra o autoritarismo e a injustiça. A única forma de os ativistas políticos alcançarem seus objetivos é usar esse meio associado a outras plataformas online, como YouTube, Facebook, Flicker; canais de comunicação tradicionais e inclusive buscadores como o Google.
Por Karina Gómez Pernas

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