sábado, 9 de junho de 2007

cultura rende dinheiro

Cultura rende muito dinheiro, afirma ex-ministro de BlairFolha de S. Paulo - Raul Juste LoresNo Reino Unido, a cultura movimenta 7% do PIB. Em Londres, a chamadaindústria criativa (de moda a galerias de arte, de entretenimento aarquitetura e design) já é a segunda mais importante, após o mercadofinanceiro.O British Council trouxe na semana passada a São Paulo um dosmaiores responsáveis em transformar política cultural em prioridadede governo e grandes investidores.Ministro da Cultura de 1997 a 2001, no primeiro mandato de TonyBlair, Chris Smith fez um mapeamento inédito do mundo cultural nopaís, que mostrou sua força a fim de arrancar mais verbas doministro da Economia, Gordon Brown, futuro premiê britânico.Smith conseguiu que lucros da loteria do governo financiassem asartes e instituiu entrada franca nos museus. "Mais turistas e maisatividade cultural, com mais patrocinadores, revertem em maisimpostos ao governo." Leia trechos da entrevista que ele deu à Folha.FINANCIAMENTOAcesso a empréstimos é fundamental. Os artistas não falam a línguados bancos. Eles sabem de design, não de crédito. Vivem em um mundomais caótico, não aprenderam a redigir um "business plan" [plano denegócios para abrir uma empresa]. São necessários mecanismos paracriar pontes entre os dois lados.RESPONSABILIDADEHá empresas que preferem apostar apenas em nomes famosos, mas achoque, na hora de divulgar sua responsabilidade social, ela tem demostrar onde o dinheiro foi investido. Se é uma empresa responsável,tem de se preocupar pelo tecido social do país, em ajudar quem temdificuldades. Colocar dinheiro só no sucesso garantido não pega bem.BOM INVESTIMENTOAo investir em um artista ou em uma produção, descubra o valorcultural da iniciativa, se é interessante, excitante. Ou se éeducativa, se colabora com a revitalização urbana, o que faz peloresto da sociedade. Em qualquer dos dois casos, original ousocialmente generoso, já será um bom investimento.LEI ROUANETIsenções fiscais podem ser uma boa idéia, mas deixam inteiramente aomercado a decisão de quem ganha patrocínio. Até certo ponto, issopode ser bom, mas também significa que trabalhos novos, audaciososou menos conhecidos terão dificuldade para conseguir apoio. O quebuscamos é um sistema de financiamento misto. Apoio estatal direto,filtrado por um corpo profissional; apoio municipal e estadual;patrocínio privado direto ou a partir de incentivos. Rendacomercial, a partir de ingressos, cafés e lojas. Ter um balançodessas fontes dá fôlego e estabilidade ao financiamento.BAIRROS CRIATIVOSGoverno deve ajudar a facilitar locais de trabalho a preçosacessíveis. As indústrias criativas criam "clusters" [conjuntos deempresas de atividades similares], as agências publicitárias sãovizinhas a ateliês de artistas, de moda, a estúdios fotográficos. Emvárias cidades britânicas, artistas foram estimulados a se instalarem bairros centrais decadentes, em lugares espaçosos a preçosbaratos. O desafio é que, em dez anos, a área se regenera demais, ospreços sobem e expulsam os artistas novamente. Como esse problemafoi resolvido em algumas cidades? Algumas prefeituras compram velhosarmazéns abandonados, antigos mercados, restauram e alugam parainiciantes. Quando a empresa cresce, eles têm de mudar, e o espaçofica vago para novos empreendedores. Ter espaço disponível paranovos talentos é fundamental.BALÉ E GOLFEAntigamente, um empresário patrocinava uma companhia de balé porquesua mulher gostava, ou uma ópera, porque seu diretor era colega nogolfe. Hoje, isso se tornou raro. As empresas querem marketing,associar seu nome com propostas vanguardistas, glamourosas ou dealta qualidade.CULTURA É ÍMÃA vida cultural beneficia as cidades, elas têm os equipamentos e oclima que atraem as pessoas mais criativas. Quanto mais vibrante avida cultural, mais ela atrai pessoas que querem morar e trabalharlá, o que provoca um efeito positivo no mundo dos negócios. Osexecutivos querem vir a Londres a toda hora. E abrir escritórios lá.As famílias deles também querem morar em Londres.TALENTOSPrecisamos pensar em como o sistema educacional pode descobrirtalentos e preparar carreiras criativas. Como se escreve, desenha,canta ou dança nas escolas. As crianças precisam ser encorajadas adesenvolver seus talentos. As faculdades e institutos de design,moda e artes precisam recrutar esses talentos nas escolas.SEM ESTABILIDADENotei que os dirigentes culturais no Brasil trocam a toda hora, deacordo com o clima político. Nessa área, você precisa deestabilidade, fazer coisas a médio prazo. Também faltam camadas deprofissionais da cultura que dirijam departamentos sem critériospolíticos.MUSEUS DE GRAÇALutei para que os museus britânicos não cobrassem entrada, e esse éum dos grandes feitos da minha gestão. Hoje, quando se pergunta aqualquer turista por que está visitando o Reino Unido, as respostassempre giram em torno das indústrias criativas. O governo britânicoganha mais dinheiro com os impostos sobre as entradas de teatro doque investe no setor.http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ dinheiro/fi0306200718.htm

Nenhum comentário: