terça-feira, 19 de junho de 2007

Franquias sociais

As oportunidades para as pequenas empresas participarem de projetos deresponsabilidade social estão se ampliando. Por meio de franquiassociais, as microempresas ganham a chance de se engajar no terceirosetor sem ter altos desembolsos.Assim como no mundo dos negócios, o objetivo da franquia no camposocial é repetir o sucesso da fórmula. "A diferença é que o objetivodelas não é o lucro financeiro, mas o impacto social positivo", dizPaulo Ancona, da consultoria Vecchi & Ancona.Para um pequeno empreendedor, a vantagem deste dispositivo é não terde quebrar a cabeça pensando em um projeto. E mais, sem gastar muitodinheiro na fase de implantação que um programa de responsabilidadesocial envolve.Regina Stella Schwandner, superintendente do instituto Criança é Vida,conta que, quando o programa de levar cuidados básicos de saúde acomunidades carentes foi criado pela Schering -Ploug, os gastos com oprojeto eram muito maiores do que os atuais e para atender um númeromuito menor de família.Agora, sob a forma de franquia, a empresa que quiser fazer parte doprojeto não terá de enfrentar a fase dos erros e acertos. Pagaráapenas uma taxa pela manutenção do sistema de franquia e pelo materialde apoio enviado. Para uma empresa com 50 voluntários, os gastos sãode R$ 77,4 mil por ano.Em alguns projetos, os desembolsos são ainda menores, ou quase nulos.A Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes), porexemplo, visa preparar jovens de comunidades carentes para ovestibular. "Não é preciso pagar nada, apenas assinar um termo dededicação", diz frei David Santos, do Largo São Francisco, em São Paulo.O projeto de educação para o vestibular começou em 1989 e foi semultiplicando sem muita sistematização. Em 1998, quando osorganizadores se depararam com uma vasta rede, decidiram implantar osistema de franquias. "A franquia traz mais visibilidade e organizaçãopara nós", conta o frei. Hoje são 166 unidades em São Paulo, Rio,Minas e Espírito Santo.Uma das pioneiras no sistema de franquia social também foi o projetoFormare, da Fundação Ioschpe, em 1999. Beth Callia, coordenadora doFormare, conta que a entidade de formação profissionalizante parajovens vizinhos às empresas conseguia ótimos resultados: 85% daspessoas que passavam por lá conseguiam se inserir no mercado detrabalho. "Tínhamos um bom projeto, mas que ficava limitado a cincoescolas. Era preciso expandir."Mas Beth conta que quando a franquia social foi implantada, a reaçãodo terceiro setor foi dupla. "Parte das organizações ficou um poucoressabiada com a palavra franquia. Achavam que engessaria o setor."Muitas organizações não digerem bem o termo franquia social. Um dosmotivos é a utilização de conceitos comerciais em entidades que nãobuscam o lucro. Outro é cobrança de mensalidade e taxa de manutençãoda franquia.Porém, de acordo com Fábio Kanashiro, diretor de relacionamento daCherto, os franqueados devem entender que as cobranças têm porobjetivo sustentar o próprio sistema de franquia. "As taxas servempara que o sistema se mantenha com treinamento, apostilas eacompanhamento de cada unidade."Na opinião de Ricardo Young, do conselho deliberativo do InstitutoEthos, a franquia social é benéfica. "Permite que as organizaçõesnão-governamentais se constituam em redes e assim, fiquem mais fortes.Além disso, garante a expansão com baixíssimo capital."

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