sábado, 9 de junho de 2007

festa de são joão

O FOGO DA VIDA E DA PURIFICAÇÃO... Também perduraram, desde os tempos imemoriais, os costumes de acender fogueiras e tochas, que livravam as plantas e colheitas dos espíritos maus que poderiam impedir a fertilidade. A festa de São João está também, diretamente relacionada com o elemento "fogo". Analisando mais a fundo o simbolismo deste elemento, chegaremos a seus vários aspectos.O fogo é criação, nascimento, luz original, alegria e elemento que foi divinizado pelo homem. Este, submerso nos mistérios da noite, alegra-se quando seus olhos se abrem para a luz do dia, iluminados pelos raios benéficos do Sol. Mas o fogo também é destruidor, já que tudo queima e incinera. Esta ambivalência foi rapidamente observada pelos nossos antepassados que fizeram do fogo uma representação do bem e do mal. O fogo portanto, é princípio de vida, revelação, iluminação, purificação, mas também paixão e destruição. Dá a vida, mas volta a tirá-la e transforma-a em cinza.As fogueiras de São João, que queimam atualmente, na noite de 23 de junho (véspera da festa de São João), eram no começo, fogos de fertilização e purificação que se acendiam no dia do Solstício de Verão, na Europa (21 de junho), justamente antes das colheitas, em honra aos deuses para agradecer as suas bondades, ou imediatamente depois, para purificar a terra.As festividades de São João, portanto, celebram a vida, o Sol, o fogo transformador que consome o velho para criar algo novo.TRADIÇÃO QUE CONQUISTOU OS ÍNDIOS... Quando os portugueses chegaram com seus jesuítas ao Brasil, em torno 1500, trouxeram em sua bagagem todas as suas crenças e costumes. Alguns cronistas contam que os jesuítas foram os primeiros a acender fogueiras e tochas para comemorar a festa de São João. Ela foi muito bem aceita pelo nosso indígena, pois se identificava com suas danças sagradas realizadas também, em torno do fogo.Os jesuítas, muito astutos, se utilizaram do interesse do índio pelas festas religiosas para atraí-los e estabelecerem contatos com objetivos de catequese.COQUETEL DE CULTURASAs festas juninas somam hoje, contribuições culturais de vários povos que aqui se estabeleceram como o passar do tempo. E, pode-se dizer, por que não, que este verdadeiro "coquetel de culturas" foi um arranjo perfeito e mobiliza romaria de turistas para apreciarem suas alegres e descontraídas festas.Desde do século XIII, a festa de São João portuguesa chama-se "joanina" e incluía os santos: Santo Antônio ( 13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).Já a quadrilha, tão apreciada e cantada nestas festas é uma dança francesa que tem suas raízes nas contra-danças inglesas (contry dance= dança rural) e surgiu no final do século XVIII. Esta dança desembarcou no Brasil com a família real portuguesa em 1808. Só a alta sociedade da época, divertia-se em suas recepções ao som da quadrilha. Com o tempo, este modismo importado da França, caiu nas graças do povo, passando então, a integrar o repertório de cantores e compositores. Foi assim, que a quadrilha deixou os salões aristocráticos para entrar nas festas populares. Surgiram então, as variantes no interior do país, como a quadrilha caipira. A quadrilha ainda hoje, é dançada no interior para homenagear os santos juninos e agradecer as boas colheitas da roça. O instrumento tradicional das quadrilhas é a sanfona.Mas, a pitada que dá o toque especial ao nosso "coquetel de cultura" é a maravilhosa culinária indígena, com suas comidas à base do milho como: espigas de minho, pamonha, canjica, bolo de fubá, etc.Portanto, unindo música, teatro e boa comida, as festas juninas expressam um imaginário rico em passagens da vida cotidiana de um povo simples. É, antes de tudo, uma oportunidade onde se dança e canta os costumes herdados da sabedoria de nossos ancestrais. Sábios ensinamentos de um tempo que o próprio tempo se encarregou de deixar para trás, mas que nossa memória nega-se de esquecer.Além disso, estas festividades tiveram um papel essencial na integração entre índios e portugueses e, mais tarde, com os negros e outros grupos étnicos, estabelecendo o que podemos chamar de união de laços culturais. Inseridas dentro de um contexto religioso, estas festas foram portanto, muito importantes nas relações entre diferentes povos que colonizaram o Brasil. Esta polifonia cultural está arraigada até hoje.Estas festa ainda, nos fazem reviver mitos e nos trazem ao palco da vida atual, cenas da história de um povo, contadas sob um moderno ponto de vista. São realmente, as primeiras conquistas do povo brasileiro, que nelas se vê e se representa em papéis ativos.http://www.rosanevo lpatto.trd. br/

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